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O glúten é um complexo proteico, composto por várias proteínas, que se encontra nos cereais trigo, centeio e cevada.
A ingestão de produtos com glúten pode causar doença auto-imune (doença celíaca), alergia (normalmente alergia ao trigo) ou reações imunomediadas (sensibilidade ao glúten não celíaca).
Viver sem glúten pode parecer um desafio, mas muitos dos alimentos recomendados como parte de uma dieta saudável são naturalmente isentos de glúten, nomeadamente frutas, vegetais, leguminosas, frutos oleaginosos, sementes, lacticínios com baixo teor de gordura, peixe e carne. Para além destes, alguns cereais também não contêm glúten na sua estrutura, tais como cereais de milho, aveia, quinoa, arroz, teff, millet e trigo serraceno. E ainda outras opções saudáveis, como é o caso de cereais confecionados a partir de legumes, tapioca, etc.
[mk_padding_divider size=”3″]UM ALIMENTO QUE É DESIGNADO SEM GLÚTEN NÃO SIGNIFICA QUE É SAUDÁVEL
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A alimentação sem glúten tem sido preconizada por inúmeras pessoas, como sendo uma forma de estar mais saudável e até mais eficaz para a perda ponderal. Esta crença, em conjunto com o aumento de produtos embalados sem glúten disponíveis nas superfícies comerciais, tornou mais fácil e agradável a manutenção de uma dieta sem glúten, levando muitas pessoas a adotar este tipo de alimentação.
Contudo, só porque um alimento é designado sem glúten não significa que é saudável. Alguns produtos com esta alegação são ricos em amidos, açúcares refinados e gorduras, e pobres em nutrientes como ferro, vitaminas do complexo B e fibras.
Para além disso, não há evidências científicas de que a remoção do glúten da dieta leve à perda de peso. Tal como, não foram encontrados benefícios para a saúde numa alimentação sem glúten em pessoas que não apresentam doença celíaca, sensibilidade ao glúten não celíaca, ou outra condição associada a distúrbios relacionados com o glúten.
Para quem não depende realmente desta restrição, uma alimentação sem glúten apresenta alguns riscos e desvantagens, nomeadamente:
- variedade mais limitada de escolhas alimentares saudáveis;
- baixa ingestão de cereais integrais, associados a benefícios cardiovasculares. Os cereais integrais desempenham um papel vital numa dieta saudável, são ótimas fontes de energia, de antioxidantes, fibra, vitaminas do complexo B, vitamina E, magnésio, ferro, ácido fólico, e são naturalmente ricos em hidratos de carbono complexos e pobres em gordura, colesterol e sódio;
- consumo reduzido de nutrientes necessários, como hidratos de carbono complexos, ácido fólico, ferro, cálcio e vitaminas do complexo B;
- menor consumo de fibra, que pode causar obstipação e outros problemas digestivos;
- maior ingestão de gordura, hidratos de carbono simples, sódio e energia. A gordura e os açúcares são frequentemente usados como substitutos em produtos sem glúten;
- aumento dos custos com a alimentação. Em média, os produtos sem glúten são cerca de 160% mais dispendiosos que os produtos comuns.
Com estas desvantagens e sem evidência de que uma dieta sem glúten beneficie a saúde da população em geral, a restrição de alimentos com glúten deve ser cuidadosamente ponderada e sensata.
Susana Francisco
Nutricionista
Membro da Ordem dos Nutricionistas nº3215N